Mulher de 30 anos morre após dias de espera por vaga de internação em Araçatuba; família pede investigação

 

Foto: Reprodução

ARAÇATUBA (SP) — A morte de Sabrina Severo da Silva Barbosa, de 30 anos, na madrugada deste domingo (23), levou a família a procurar a Polícia Civil de Araçatuba para pedir a apuração das circunstâncias do atendimento prestado à paciente desde a última quinta-feira (20). Sabrina morreu na Santa Casa de Araçatuba, onde havia sido transferida na noite de sábado (22), depois de permanecer por quase dois dias no pronto-socorro municipal à espera de vaga para internação.

Segundo o boletim de ocorrência, o pai da paciente relatou que Sabrina buscou atendimento no PS Municipal na quinta-feira após sentir fortes dores abdominais. Na primeira avaliação, ela foi liberada sob suspeita de dengue. Ainda no mesmo dia, voltou ao local após piora dos sintomas e permaneceu internada desde então.

A família afirma que, durante o período no pronto-socorro, Sabrina continuou com dores intensas, recebendo apenas soro e sem passar por exames complementares ou condutas médicas que ajudassem a identificar a causa do quadro. A transferência para a Santa Casa ocorreu apenas na noite de sábado. Quando os familiares retornaram ao hospital na manhã de domingo, foram informados da morte da paciente, que seguia no setor de emergência aguardando vaga.

Atestado de óbito é questionado pela família

Outro ponto registrado no boletim de ocorrência é a forma como foi emitido o atestado de óbito. De acordo com os familiares, ao perguntarem se seria necessário realizar exame necroscópico para esclarecer a causa da morte, teriam sido informados pela equipe de enfermagem que o documento já havia sido preenchido pela médica, indicando “abdome agudo”, sem registro do CID correspondente.

O pai de Sabrina solicitou investigação completa para esclarecer o que ocasionou o óbito e se houve falha no atendimento prestado desde o primeiro dia em que a paciente buscou ajuda médica.

Secretaria de Saúde ainda não respondeu

A reportagem procurou a Secretaria Estadual de Saúde, responsável pela Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), que coordena as transferências de pacientes do pronto-socorro municipal para hospitais de maior complexidade, como a Santa Casa. A pasta informou que apuraria o caso e enviaria uma nota, o que não ocorreu até o fechamento desta matéria.

A Prefeitura de Araçatuba também foi acionada por e-mail e deve se manifestar na manhã desta segunda-feira (24).

Santa Casa diz que paciente chegou em estado grave

Em nota, a Santa Casa de Araçatuba informou que Sabrina chegou ao pronto-socorro da instituição à 1h de sábado (22), encaminhada pela Cross. Segundo o hospital, ela apresentava quadro clínico agudo e grave, sendo submetida imediatamente a avaliação médica, exames laboratoriais e exames de imagem, seguindo os protocolos indicados para a condição apresentada.

Ainda de acordo com o hospital, mesmo com a abordagem diagnóstica e terapêutica adotada, Sabrina apresentou rápida piora hemodinâmica e morreu ainda na fase inicial do atendimento.

Sobre a Declaração de Óbito, a Santa Casa afirmou que o documento foi preenchido pela médica plantonista com causa definida, sem indicação de morte suspeita, violenta ou indeterminada, conforme normas do Ministério da Saúde e do Conselho Federal de Medicina. Após o óbito, a profissional teria se reunido com a família para apresentar os exames e esclarecer dúvidas.

Hospital fala em demanda acima da capacidade

A instituição acrescentou que questões relacionadas ao tempo de espera em unidades de saúde da região estão ligadas à gestão da rede do SUS. Ressaltou ainda que opera com demanda superior à capacidade instalada, situação conhecida pelas autoridades e pela população.

O caso segue em investigação pela Polícia Civil.

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